Apoiada por EUA e Israel e questionada pela ONU, Fundação Humanitária de Gaza começa a distribuir alimentos no enclave

2025-05-27 IDOPRESS

Imagem da Faixa de Gaza a partir do território israelense — Foto: Jack GUEZ / AFP

A organização Fundação Humanitária de Gaza (GHF,na sigla em inglês) anunciou,nesta segunda-feira,que começou a entregar alimentos no território palestino,e indicou que tem sofrido ameaças do Hamas. Na véspera,seu diretor deixou o cargo alegando que a estratégia da fundação para levar ajuda ao enclave,que tem o aval de Israel,não lhe permitiria respeitar os princípios da "neutralidade,imparcialidade e independência".

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A GHF foi criada recentemente com o apoio do governo dos Estados Unidos,além do aval de Israel,para distribuir ajuda na Faixa por conta dos bloqueios que Israel impõe à ONU para realizar essa tarefa humanitária,assim como à entrada de praticamente toda a ajuda externa ao território palestino desde março. O governo israelense acusa o Hamas de se apropriar de alimentos e demais insumos,uma alegação questionada por dezenas de governos e por organizações internacionais,e disse considerar o trabalho da GHF uma forma de "eliminar a dependência da população" do grupo.

"A Fundação Humanitária de Gaza começou hoje (segunda-feira) suas operações em Gaza,entregando caminhões carregados de alimentos em seus locais seguros,onde começou a distribuição para a população de Gaza. Amanhã (terça-feira),mais caminhões carregados com ajuda serão entregues e o fluxo de ajuda aumentará diariamente",afirmou a GHF em comunicado.

A fundação também distribuiu imagens do que seriam caminhões carregados com alimentos entregues em acampamentos cercados. Não foi possível verificar as imagens de forma independente. Segundo o plano,os civis palestinos devem se encaminhar a pontos de distribuição no sul do enclave,e deverão levar consigo caixas com alimentos e itens básicos de higiene de cerca de 20kg. Não ficou claro como as pessoas doentes ou incapazes de chegar aos locais de entrega serão beneficiadas.

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Com sede em Genebra e criada há alguns meses,a GHF anunciou em 14 de maio que tinha a intenção de distribuir cerca de 300 milhões de refeições na Faixa de Gaza durante um período inicial de 90 dias. A ONU e outras ONGs advertiram que não vão colaborar com a GHF neste trabalho por seus vínculos com Israel. Segundo as Nações Unidas,a fundação não respeita os princípios de "imparcialidade,neutralidade e independência",e na véspera da entrega da ajuda o diretor da GHF,Jake Wood,renunciou ao cargo,alegando que não seria capaz de cumprir os três princípios.

"Como muitos outros ao redor do mundo,fiquei horrorizado e com o coração partido com a crise de fome em Gaza e,como líder humanitário,senti-me compelido a fazer tudo o que pudesse para ajudar a aliviar o sofrimento",disse Wood,em comunicado divulgado no domingo,alegando estar "orgulhoso do trabalho que supervisionei". "[Mas ficou] claro que não é possível implementar este plano ao mesmo tempo em que se respeitam rigorosamente os princípios humanitários de humanidade,neutralidade,imparcialidade e independência,dos quais não abrirei mão."

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Em comunicado,a GHF disse que a saída de Wood não atrapalhará seu trabalho,e afirmou que seus críticos "que se beneficiam do status quo têm se concentrado mais em destruir isso do que em obter ajuda,com medo de que novas soluções criativas para problemas insolúveis possam realmente dar certo". Nesta segunda-feira,a fundação denunciou que vários de seus membros receberam ameaças de morte do movimento palestino Hamas durante as atividades de distribuição de ajuda na Faixa de Gaza.

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